Usando Coolers com seu Telescópio Newtoniano

26/08/2014 13:57

por  Bryan Greer

postagem original Junho 2005. Ultima atualização 18 de Outubro de 2010.

Tradução para o português por Ronald Piacenti Júnior

 

Introdução 

 

A resolução de um telescópio newtoniano pode melhorar com ar ambiente forçado sobre espelho primário, normalmente com auxílio de um ou mais ventiladores pequenos. Quando a face do espelho ótico está ainda 1° a 2° C (2° a 3° F) ou mais acima da temperatura do ar ambiente, a degradação da imagem observável existirá. (Meu artigo na revista Sky & Telescope de setembro 2000 descreve como isso foi quantificada utilizando o método de ensaio arco-iris schlieren.) A ondas de luz se deformam à medida que passa através do gradiente de temperatura próximo da face do espelho primário. 

Na maioria dos locais da Terra, mesmo espelho primário de um pequeno newtoniana não irá equalizar sua temperatura com a temperatura ambiente o suficiente, a menos que se utilize os ventiladores ou coolers. 

 

 

Coolers têm três benefícios. O mas o mais importante é o aumento da taxa de perda de calor do espelho primário, o que resulta em que o espelho primário será capaz de se aproximar o mais perto da temperatura ambiente, e reduzir o tempo inicial de resfriamento, quando o telescópio é levado ao ar livre. 

 

Outro possível benefício é quando os ventiladores são dirigidos para a face frontal do espelho, onde eles podem modificar a camada limite da estrutura ótica. A camada limite é uma fina camada de ar quente que abrange toda a superfície exterior do espelho. Toda a transferência de calor por convecção a partir do espelho para os seus arredores ocorre dentro desta camada. A parte da camada limite na face frontal do espelho é onde ocorre a degradação da imagem. Romper-se a estrutura da camada limite tem o efeito de restabelecer a alta resolução da imagem, ao custo modesto de aumento  imperceptivel do brilho. 

 

Finalmente, os coller frontais irão inibir a formação de orvalho. A energia cinética do fluxo de ar forçado torna mais difícil a formação de condensação.

 

Enquanto os  collers permitem reduzir a duração do período de resfriamento inicial, este não é seu objetivo principal. A temperatura do ar da noite está constantemente caindo, e o espelho não consegue acompanhar essa queda de temperatura, sem o ar forçado sobre o espelho. Assim, o(s) coller(s) deve(m) ficar em operação durante toda a sessão.

 

Adicionar collers tráz desvantagens potenciais. Os collers podem induzir microvibration na imagem. Isto pode ser evitado se você está ciente dos erros mais comuns de instalação. Além disso, se você possui um dobsoniano do tipo puxar/empurar, a simplicidade é provavelmente algo que te agrada. Adicionar umcoller significa necessariamente adicionar fios e uma bateria. Esta pode ser uma adição indesejada para o seu equipamento astronômico. No entanto, é cada vez mais comum, mesmo para os telescópios dobsonianos, ter necessidade de energia em campo, muitos observadores já levam uma bateria com eles.

 

Mais Nem Sempre é o Melhor

Ao determinar como dimensionar os ventiladores para o telescópio, um objetivo a seguir é usar a quantidade mínima de fluxo de ar necessário que irá permitir uma elevada taxa de transferência de calor para longe do espelho. No entanto, rapidamente você chega a um ponto onde mais fluxo de ar não é necessáriamente mais benéfico, pois só contribui para aumentar o problema de vibração. 

 

O gráfico ao lado mostra que mesmo pequenas quantidades de fluxo de ar forçado sobre a superfície traseira do espelho melhora significativamente a taxa de transferência de calor para fora do espelho. Mesmo usando um pequeno coller de 25 mm (1") com fluxo de apenas 8 pés cúbicos por minuto permite um aumento significativo na transferência de calor para fora do espelho. As curvas de resfriamento para os ventiladores maiores começam a agrupar-se e deitar umas sobre as outras, o que indica que não há perda de calor adicional em comparação com os ventiladores menores. Por aproximação, um ventilador de 20 a 25 pcm (fluxo em pés cubicos por minuto) seria suficiente para cada um espelho de 10 polegadas, como ilustra o gráfico. 

 

Testei outros tamanhos de espelho do mesmo modo, a fim de tornar as recomendações mostrados na tabela abaixo. Se o tamanho exato do seu espelho não estiver na lista, interpolar entre esses valores não vai levar você muito longe do resultado. (Deve ser evidente a partir do gráfico, que há uma grande tolerância em fazer essas estimativas.) Note-se que estes valores são de fluxo de ar para cada lado do espelho.

 

 

Tamanho do espelho (Pyrex)
Fluxo de Ar Necessário
(por lado)
6"
10-15 cfm
8"
15-20 cfm
10"
15-25 cfm
12.5"
20-30 cfm
16"
30-45 cfm
 



A razão para o limite da capacidade de arrefecimento do ventilador é que a transferência de calor no interior do vidro em si torna-se o gargalo. Vidro é mal condutor de calor o que limita a taxa de transferência de calor a partir do interior do espelho à superfície exterior. Isto também explica por que a espessura do espelho é mais importante do que o diâmetro ou a massa para determinar quão bem o espelho irá acompanhar a queda da temperatura ambiente. O caminho do fluxo de calor é principalmente a partir das regiões centrais do vidro directamente à superfície exterior mais próxima.

 
 

Esquemas de instalação de Collers

 

Ventiladores de refrigeração montado na parte traseira 

O equilíbrio adequado de temperatura pode ser alcançado com um fluxo de ar forçado sobre apenas a parte de trás do espelho, se este for suficientemente fino. A temperatura da superfície da frente irá acompanhar a queda de temperatura do ar o suficiente, embora a maior parte do calor está sendo retirado da superfície traseira do espelho. Ventiladores traseiros funcionam bem para espelhos que possuem uma espessura de cerca de 1 - 1/2 polegadas ou menos. Este é um critério relativo, pois depende até certo ponto de onde você mora (como descrito na próxima seção). 

Como é mais fácil instalar um ventilador montado na parte traseira na maioria dos telescópios, deve ser o primeiro instalado antes de tentar collers frontais mais desafiadores. Mesmo em aplicações onde é necessário um ventilador frontal, você ainda deve aproveitar o arrefecimento da parte traseira. 

Talvez o método mais simples para a instalação de um ventilador traseiro é suspendendo-o com o auxílio de elásticos. (Parafusar o ventilador na célula do espelho é um erro!) Eu prefiro este método não só porque é simples, mas também porque garante que você quase não terá problema de vibração. Com ganchos de engate rápido na estrutura do telecópio, fica fácil remover ou colocar o ventilador em segundos. Depois de tentar com elásticos pesados ​​e molas de metal, o melhor elástico que uso atualmente é o de prender cabelo. Estes são essencialmente cordas elásticas em miniatura, e são bastante robustas. Eu ainda tentei com tiras de borracha e funcionou.

 

Ao usar um ventilador montado na parte traseira, você tem a escolha de direcionar o fluxo de ar, soprando na parte de trás do espelho, ou sugando o ar para fora da parte inferior do tubo. A não ser que a parte inferior do seu tubo seja fechada e selada, direcionar o fluxo de ar para o espelho será mais eficiente (ou seja, um coller menor pode ser usado para obter um efeito de resfriamento equivalente). Na prática, esta pequena vantagem é quase sem sentido, e outras considerações mais pragmáticas prevalecem. Se você observar regularmente a partir de um local seco, e empoeirado, considere direcionar o fluxo de ar para fora da parte inferior do tubo para reduzir o acúmulo de sujeira em sua ótica.

 

Colles Frontais 

 

Para os espelhos primários mais grossas, há benefício com adicionais  com ventiladores soprando de frente junto com os fãs traseiros. Considere o quão expesso é seu espelho, e de onde você mora, antes de adotar os ventiladores frontais, uma vez que também depende do quão rápido a temperatura noturna costumam cair (veja os perfis de temperatura da sua cidade). Eu moro na parte centro-oeste dos Estados Unidos, e um pequeno ventilador, soprando nas costas é suficiente para espessuras de espelho até cerca de 1-1/2". Espelhos de cerca de 2" para 2-1/4" espessura necessitam de collers traseiros e frontais. Para a maioria dos locais, espelhos com espessura superior a  2-1/4" não irão acompanhar adequadamente a queda temperatura, independentemente da configuração de ventiladores. Nestes casos, os ventiladores frontais são necessários não só para remover calor, mas também para desestabilizar a camada limite. Ao utilizar ventiladores frontais com esse fim, será necessário um maior fluxo de ar em toda a frente do que o anteriormente  apenas para maximizar a perda de calor. 

 

Aviso que uma instalação de ventilador frontal livre de vibrações é mais difícil de realizar do que uma ventoinha traseira. Montando collers diretamente no tubo de um telescópio do tipo sólido é uma maneira de induzir microvibrações na imagem. Mesmo a tentativa de isolar o fã com uma camada de espuma, geralmente funciona parcialmente. Para telescópios de tubos sólidos, uma boa maneira de instalar um ventilador frontal direitamente na parede do tubo é montar o ventilador com um fino, elástico de borracha (ou mesmo tecido elástico como Spandex®). O diâmetro do elástico deve ser de cerca de duas vezes o tamanho do próprio ventilador, e tem uma apoio de plástico fixado na parte exterior para permitir o apoio, e um furo na parede do tubo. Este método funciona bem para os collers do tamanho de até 40 mm. (Não tente instalar uma alimentado de energia de computador comum como um ventiador frontal). Se precisar de mais fluxo de ar, use vários collers, em vez de um maior. 


Telescópios com estrutura do tipo treliça têm mais facilidade de instalação de ventiladores frontais pois normalmente existem um amplo espaço ao redor da caixa do espelho para posicionar os collers. A estrutura de madeira pesada também absorve mais vibrações do que a maioria dos tubos sólidos. 


Se você tiver um telescópio com um espelho espesso, mas não quer ter o trabalho de instalar ventiladores frontais, seu telescópio ainda se beneficiará com a instalação de ventiladores traseiros apenas. O arrefecimento da parte traseira irá ajudar a reduzir a diferença de temperatura na parte frontal do espelho, que por sua vez reduzir o efeito de refração da camada limite.

 


Defletor de Fluxo da Ventilação

Você pode otimizar o fluxo de ar de determinado tamanho de ventilador, certificando-se que o fluxo de ar seja corretamente direcionado. Desviar o fluxo simplesmente significa que as áreas de entrada e saída de do ventilador estão fisicamente separadas. Sem um defletor, o coller é menos eficiente (ou seja, você vai ter menos fluxo de ar do que o especificado para o coller), uma vez que parte do fluxo de ar recirculada continuamente de volta para o lado da entrada de ar.

 

Se estiver montando o ventilador a uma superfície de seu telescópio, este requisito o papel direcionador é executado pela própria superfície. Ventiladores que estão suspensos por elementos elásticos irão exigir um deflector separado. Isto pode ser feito simplesmente com a montagem do ventilador em um disco flexível, que é de uma ou duas polegadas maior do que o da carcaça do ventilador. Você também pode usar o disco como um local mais conveniente para prender os elásticos de fixação.

 

Vibração do Cooler 

 

Detectando Vribrações

Micro vibração na imagem frequentemente passa despercebida. A melhor maneira de detectá-la é através da análise do disco de Airy de uma estrela brilhante em alta ampliação, e verificando com os coolers ligados ou desligados. O tamanho do disco de Airy não deve mudar. Este teste requer ampliação de pelo menos 30X da abertura em polegadas (um artigo na Sky & Telescope de maio de 2004 descreve este teste com mais detalhes).

 

Fontes de Vibração 

 

Todos os cooler vibrão, e até mesmo os coolers mais suaves criam problema de micro vibração se montados incorretamente. As fontes primárias de vibração do ventilador são: 

a) o desequilíbrio das lâmina impulsoras;

b) ligeiras variações na configuração de aerofólio de cada uma das lâminas (chamado de "desequilíbrio de reação") ;

c) ressonância de rolamento. 

Desequilíbrio do rotor é causado porque as pás do ventilador não tem exatamente o mesmo peso, e cria forças de vibração que atuam no plano da caixa do ventilador. Variações do aerofólio criam forças de vibração ao longo do eixo do ventilador. A pressão de ar que você pode sentir com a mão tem uma força igual e sentido oposto em cada pá do ventilador. A menos que todos as pás tenham exatamente o mesmo formato de aerofólio (e nenhum cooler tem), uma força cíclica será gerada coma freqüência e intencidade igual à velocidade de rotação do ventilador. 

Não tente resolver estes problemas de vibração escolhendo coolers que alegam ter rolamentos superiores ou operação "super-suave". Uma estratégia melhor é não usar mais fluxo de ar do que o necessário, e montar os coolers da maneira correta. Até mesmo um cooler barato não vai causar problemas se instalado da maneira correta,  ainda tenho que encontrar um cooler bom o suficiente para permitir a montagem direta na estrutura do telescópio. 

Finalmente, ventiladores com diâmetro menor, normalmente geram menos vibração. Esta é mais uma boa razão para satisfazer as exigências de fluxo de ar de seu telescópio usando o menor tamanho do ventilador  possível.

 

Encontrando Ventiladores Pequenos 

 

Coolers DC estão disponíveis numa grande variedade de tamanhos. Resista à tentação de usar apenas o que você tem por aí encontados em sua casa, já que há uma boa chance de que o tamanho seja o errado. Uma vez que você saiba onde procurar, os coolers estão disponíveis em uma ampla variedade de tamanhos e capacidades de ventilação por apenas alguns reais. 

A maioria das lojas de fontes eletrônicas vendem pequenos coolers DC. Escolha especificamente o cfm (pés cúbicos por minuto, veja tabela abaixo) de que você precisa para as especificações de seu equipamaneto. 

 
Estimando Tamanho/Fluxo do Cooler 
 
Freqüentemente, pequenos ventiladores DC não tem a classificação de fluxo indicado na caixa. Se não tiver certeza de sua classificação de fluxo, você pode aproximá-la através da medição do tamanho da carcaça. Os coolers de um determinado tamanho tendem a se enquadrar em uma estreita faixa de classificações cfm. Se o tamanho do ventilador não é exatamente o que é mostrado na tabela, interpole entre os valores. (Nota: estes valores são válidos para coolers de 12 volts DC com desenhos axial do rotor e aerofólio convencionais.)
 
 
A
dimensão
(mm)
B
dimensão
(mm)
Razão de Fluxo Aproximado (cfm)
25
10
2-3
40
10
5-8
40
25
19-23
60
25
17-25
60
38
40-55
80
25
25-40
80
38
75-90
120
38
150-190
 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quero agradecimento à equipe de engenharia da Panasonic, que forneceram a informação técnica para pequenos ventiladores DC, e Robert Royce (RF Royce Precision Components óptica) que me emprestou espelho blanks para ensaios de arrefecimento.