Touro

07/08/2013 13:46

Pequena Maravilha: Touro (Taurus)
Uma coluna de Observação Mensal

por Tom Trusock



Carta de Grande Campo



Lista de Alvos Nome Tipo Tamanho Mag RA DEC
alpha Tauri Star 0.9 04h 36m 12.8s +16° 31' 17"
zeta Tauri Star 3.0 05h 37m 56.9s +21° 08' 51"
M 45 Open Cluster 100.0' 1.2 03h 47m 18.1s +24° 08' 02"
Mel 25 Open Cluster 330.0' 0.5 04h 27m 17.4s +16° 00' 48"
NGC 1647 Open Cluster 40.0' 6.4 04h 45m 59.8s +19° 07' 40"
M 1 Supernova Remnant 6.0'x4.0' 8.4 05h 34m 50.1s +22° 01' 11"
Objeto Desafio
NGC 1514 Planetary Nebula 2.2' 10.9 04h 09m 36.2s +30° 47' 29"

 

  Nos últimos milhares de anos, ela tem a fama de ser uma das mais antigas constelações reconhecidas no céu noturno. De acordo com alguns registros, tem sido desta forma há 4000 anos ou mais. Nos tempos antigos, o aparecimento do sol no arado do Taurus, marca o equinócio da primavera e o início do plantio de primavera.

Nossa constelação para este mês situa-se na borda da Via Láctea de inverno, e os nossos alvos incluem, três aglomerados abertos, um dos mais brilhantes remanescentes de supernova no céu e uma nebulosa planetária menos conhecida. De maneira nenhuma isso é uma lista exaustiva de alvos em Touro - há muito mais. A lista deste mês tende para donos de pequenos telescópios. É justo, uma vez que nos últimos meses foi voltada mais para leitores com telecópios maiores. Quase todos os alvos deste mês podem ser vistos em binóculos e, pelo menos, dois podem ser vistos sem ajuda óptica nenhuma.

Embora Touro fique deitado de lado ao final do outono, para ver o Touro nesta constelação apenas requer ligar os pontos estelares. Veja a ilustração à direita. Um dos aglomerados a olho nu mais espetaculares do céu noturno, as Hyades preenche muito da cara do Touro. Os longos chifres estender em direção à margem da Via Láctea, o corpo e as pernas para o sudoeste. Compare com as linhas da imagem de campo largo em na parte superior.
 

Touro contém dois dos aglomerados mais espetaculares a olho nu do céu noturno, o Hyades (Mel 25) e as Plêiades (M45).
 

 

Mel 25 - Hyades e Aldebaran (Alpha Tau)



Antes de ir mais longe, detenha-se um momento na maravilhosa imagem tirada por Suk Lee's com grande campo das Hyades e as Plêiades. Olhe bem de perto, e você pode achar o aglomerado aberto NGC1647 e o brilho laranja de Aldebaran (Alpha Tau), outro alvo que esta na lista para mais tarde esta noite.


As Hyades e as Plêiades parecem estar relacionados. Não astrofisicamente, mas na versão da mitologia grega, onde elas tinham uma pai em comum, o Atlas Titã, condenado a segurar a esfera celeste em seus ombros para a eternidade. Uma versão da lenda diz que elas são irmãs de Hyas, que lhes provocou profunda tristeza, após a sua morte, tendo elas próprias morrido por isso, e assim, encontraram um lugar no céu. (Ironicamente, outra lenda diz que as Plêiades morreram de tristeza após a morte das Hyades).

Aldebaran é a estrela mais brilhante da constelação de Touro, e como tal, a estrela mais brilhante nas Hyades, porém, na verdade, não é um membro do aglomerado aberto. Mas ainda assim um tanto conhecida por si só.

Aqueles que são fãs de H.P. Lovecraft's Cthulhu Mythos irão reconhecer imediatamente o meio-irmão de Cthulhu, Hastur o indizível (também conhecido como "Aquele que não deve ser nomeado"), que habita perto Aldebaran em aliança com o Byakhee (criaturas aladas que habitam nas profundezas do espaço, também perto de Aldebaran ).

 

Curiosidade - Aldebaran é a estrela mais brilhante que a lua pode ocultar.


Aldebaran marca o olho direito do touro, e seu nome é derivado da palavra árabe Al Dabaran, que significa seguidor, muito provavelmente uma referência à forma como esta estrela brilhante segue as Plêiades. Dados de Hipparcos estima sua distâcia em 65.1 anos-luz, pouco menos da metade da distância para as Hyades propriamente. Aldebaran é uma grande estrela K5, de cor laranja bem definida, mesmo a olho nu. Brilhando com 150 vezes o brilho do sol, é em relação à Terra a 13ª estrela mais brilhante no céu. Aldebaran possui um grande planeta companheiro, com cerca de 11 vezes a massa de Júpiter, que a orbita a uma distância de 1,35 UA.

O satélite Hipparcos determinou que o centro de massa de Mel 25 (as Hyades) fica a cerca de 151 anos-luz da Terra, e sabemos que sua idade é algo em torno de 625 milhões de anos. Muito grande para a maioria dos telescópios, as Hyades é talvez melhor observada com um binóculos com pouca ampliação ou a olho nu.

M45 - Pleiades

Um objeto fácil a olho nu, com binóculos ou pequeno telescópio de grande campo mostrará o grupo com sua melhor imagem.

A ascendência mitológica de Plêiades parece um pouco mais clara. Filhas de Atlas e Pleione ganharam o caminho para o céu como uma bênção de Zeus. Depois que Pleione e suas filhas foram atacadas por Órion, elas escaparam e conseguiram se refugiar nas estrelas. Noite após noite, ano após ano, Orion tenta inutilmente pegá-las.

As Plêiades se encontram a cerca de 400 anos-luz da Terra, e tem apenas 1/10 da idade das Hyades. Será que as Haydes são velhas e amarelas e as Plêiades jovens e azuis? Deve ser ...

As Plêiades também são conhecidas como as Sete Irmãs, sem dúvida, uma referência para o que as pessoas historicamente têm considerado como número de estrelas facilmente visíveis. Steven O'Meara (The Messier Objects)  observa que há muito mais estrelas do que estas visíveis para o observador a olho nu. A verificação de SkyMap Pro mostra 11 estrelas visíveis a mag 6 ou mais brilhante, e de 22 a 24 na mag 7! O'Meara coloca o número de estrelas visíveis para o observador sob céus escuros como algo entre 12 a 18, outras fontes um pouco menos. O melhor que conseguimos foram 13 sob os céus escuros transparentes do Northern Lower Peninsula em Michigan.


A despeito dos avistamentos a olho nu de números de estrelas das Plêiades, o debate pode aumentar sobre a visibilidade da nebulosidade que ocorre ao longo de M45. Alguns dizem que é facilmente visível, outros pensam que não, e que  o que as pessoas estão realmente vendo e considerando por nebulosidade é na verdade a luz das estrelas não resolvidas no aglomerado aberto. Visibilidade a olho nu a parte, eu achei que no meu refrator 4" vejo melhor a nebulosidade em todo o aglomerado do que em muitos dos meus telecópios maiores. Abertura não é necessariamente a chave aqui, mas sim céus bastante transparente e bom equipamento, que forneça uma visão com baixas quantidades de dispersão e alto contraste. Quando iniciar sua própria investigação sobre a nebulosidade de Plêiades use baixa ampliação. Preste muita atenção à área em torno Merope, onde a parte mais brilhante da nebulosa reside (a Nebulosa Merope). Em uma boa noite você pode ver a nebulosidade em todo o aglomerado. Esteja ciente de que uma pequena quantidade de orvalho sobre a óptica pode produzir um efeito muito semelhante a fraca nebulosidade, por isso não deixe de inspecionar o seu equipamento. Eu recomendo que, se você perceber manchas de nebulosidade, aponte o seu telescópio para as Hyades e olhe cuidadosamente. Se encontrar nebulosidade nas Hyades, é devido à dispersão ou umidade em sua ótica e provavelmente você realmente não tenha visto a nebulosa de reflexão associada a M45.


Quando apontar o seu telescópio para M45 certifique-se de usar baixas ampliações para enquadrar o grupo em sua melhor visão. Quantas estrelas você pode ver?

NGC1647


NGC1647 é um belo aglomerado aberto. Embora não seja visível a olho nu como as Hyades e as Plêiades, Archinal e Hynes (mebros do aglomerado) podem ser vistas sem ajuda ótica de um local escuro. Eu nunca consegui isso, mas acho bem possível em um pequeno telescópio. Grandes telescópios normalmente não oferecem uma amplo campo de visão suficiente para fazer jus a este aglomerado.

Vários relatos através da net discutem a visibilidade do aglomerado. Eu já ouvi de tudo, desde a 
visíbilidade a olho nu e com binóculo. Minhas próprias investigações com binoculo deste aglomerado na maior parte deu em nada, mas de acordo com as minhas notas, a única vez que eu realmente tentei com bino havia lua cheia. Eu pensei ver indícios com um binoculos barato de 12x50, mas com certeza não foi muita coisa. A MLAN (magnitude limite a olho nú) foi de cerca de 3 naquela noite em certas área do céu (devido a lua). Qual é a menor abertura que você pode ver o aglomerado ? E qual a menor abertura que você vê alguma resolução?


Para encontrar esse aglomerado aberto esparso em um pequeno telescópio ou binóculo, aponte para Aldebaran no centro do campo  visão com baixa ampliação e mova para fora das Hyades na direção NE. NGC1647 fica a cerca de 3,5 graus a NW de Aldebaran em uma linha que quase corta o V do rosto do Touro.

Como um dever de casa, não se esqueça de examinar a foto de grande campo tirada por Suk Lee acima para ver se você pode localizar este cluster. É pequeno e fraco, mas esta na imagem.


M1 - A Nebulosa do Caranguejo


"O que me levou a elaborar o catálogo foi a nebulosa que eu descobri sobre o chifre sul do Touro em 12 de setembro de 1758, procurando o cometa daquele ano ... Esta nebulosa tinha uma tal semelhança com um cometa em sua forma e brilho, que tentei encontrar outra vez, assim para que os astrônomos não confundissem esta mesma nebulosa com cometas começando a brilhar. Observei mais a fundo com os refratores apropriados para busca de cometas, e este é o objetivo que vi na elaboração do catálogo ..."

- Charles Messier (as quoted in Burnham's Celestial Handbook)


Em 4 de julho de 1054 AC, uma vermelha super gigante esgotada de combustível, de repente  em poucos segundos a densidade do núcleo chegou ao máximo e desmoronou, logo após o gás expelido da estrela entrou em erupção em uma explosão das mais violentas já conhecida,  explosão, que por um breve momento provavelmente ofuscou todo o brilho da galáxia.

Acredita-se que os astrônomos de todo o mundo registraram este evento celestial, desde pictogramas dos índios americanos no norte do Arizona aos observadores dedicados da Dinastia Sung. A supernova tem a fama de ter estado visível à luz do dia por várias semanas, e à noite, durante um ano. Teria sido difícil para observador do céu não nota-la.

Bem no centro o caranguejo, a 6500 anos-luz de distância, os restos mortais de seu progenitor, um pulsar que gira a 30 vezes por segundo. Com uma força incompreensível, o campo magnético dos pulsares agarram as partículas, as acelera para perto da velocidade da luz e as arremesam para a nebulosa circundante. Com apenas seis quilômetros de diâmetro, o pulsar é composto de matéria degenerada com massa maior do que a do nosso sol. Fotografia timelapse com o telescópio espacial Hubble mostra que o interior da nebulosa é mais dinâmico do se tinha imaginado - as mudanças ocorrem em questão de dias, com o fluxo de partículas externas a velocidade de cerca da metade da velocidade da luz. Se você tiver uma conexão de banda larga de alta velocidade, você pode ver o vídeo (4,69mb) em Hubblesite.org, as fotos feitas do pulsar pelo Hubble (óptico) e Chandra (raios-x). Faça o download e configure o video para repetir e veja o batimento cardíaco do Caranguejo.
 
Aqueles de vocês, sem conexões de banda larga não precisam se ​​sentir completamente deixados de fora. Olhe para a esquerda para ver três fotos do Hubble / STScI da região ao redor do pulsar. Estas foram tiradas successivamente em dois meses; em 29 de dezembro de 1995, 01 de fevereiro de 1996 e 16 de abril de 1996. Nesse curto período de tempo, você pode ver mudanças óbvias.

Devo avisar que o pulsar esta, provavelmente, um pouco além do alcance da maioria dos astrónomos amadores. Em The Messier Objects, Steven James O'Meara relata ver o pulsar em um telescópios de 20 polegadas, mas em outros relatos li que observadores conseguiram encontra-lo com telescópios com a metade desta abertura ! Felizmente, porém, a própria nebulosa é de grande interesse para os observadores com, digamos assim, telescópios mais modestos.

Para encontrar M1, use sua ocular de menor potência, e aponte seu telescópio em Zeta Tau. Em pequenos telescópios, M1 e Zeta Tau pode facilmente ser vistos na mesma área. Se ele não estiver lá, deslocar-se um pouco na direção do outro chifre e, talvez, de volta para as Hyades. Procure por um sopro alongado de fumaça relativamente pequeno . Na imagem do DSS (Quick-V), mostrada acima, pode-se ver em um campo de 1 grau. Depois descobri que colocar a estrela brilhante Zeta variável (2,88 - 3,17) para fora do campo de visão melhora a observação da nebulosa. Tenho observado M1 com telescópios de várias aberturas. Ao usar telescópios menores do que 8 polegadas, M1 parece ser algo como uma bolha disforme irregular, o comprtimento duas vezes maior que a largura. Enquanto as bordas não são retas, elas normalmente não mostram estruturas filamentosas irregulares até que apliquei um pouco mais de abertura.

Eu vi o caranguejo com telescópios tão pequeno quanto 70mm, não é um objeto difícil. Com céu bom, não vejo nenhuma razão pela qual não deva ser capaz de fazer uma observação com um  binóculos apropriado. Você já viu o caranguejo em binos?

 


Objeto Desafio: NGC1514



 

NGC1514 é o primeiro objeto deste mês que você realmente não pode ver em um binóculos padrão, portanto, é um objeto desafio apropriado para encerrar a turnê deste mês. 1514 é uma nebulosa planetária bastante acessível (para um telescópio de tamanho moderado). Como em muitas nebulos planetárias, o desafio está em encontrar e observar a estrela central. Você não vai ter esse problema com 1514. A estrela central brilha em uma magnitude 9 enquanto que a nebulosa está listado na mag. 11. A nebulosa é bastante grande, em torno de 1,5 ' - 3' em tamanho, porém fraca. Em telescópios menores, procure uma névoa circular em torno de uma estrela de magnitude 9 ladeada por duas outras estrelas de brilho semelhante - como retratado na foto acima.

As duas imagens acima vêm do DSS MAST (Ver Leitura adicional). A da esquerda vem do banco de dados Quick-V, e a da direita a partir do DSS1. Normalmente, acho que Quick-V dá uma melhor indicação do que esperar visulamente do objeto. Projetado para apontar o telescópio espacial Hubble (entre outras coisas) o DSS é também uma ferramenta muito poderosa para o astrônomo amador.

Enquanto 1514 é visível em abertura moderada sob céus escuros com qualquer tipo de filtro, eu recomendo um filtro Ultra High Contrast como o Lumicon UHC ou Orion Ultrablock. Especialmente se você estiver vendo esta planetária com um telescópio menor do que 8 - 10 cm.
 



 
Leitura Adicional:

The Official Cthulhu Mythos FAQ
https://www.necfiles.org/part1.htm

Planetary Nebula Observation Reports - Doug Snyders BlackSkies.com
https://www.blackskies.com/reports01.htm

Hubble Captures Dynamics Of Crab Nebula
https://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1996/22/image/a

Time Lapse Movie of Crab Pulsar Wind
https://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2002/24/video/a

Mast DSS (Multimission Archive Space Telescope - Digitized Sky Survey)
https://archive.stsci.edu/dss/


Se você gostou deste artigo, leia o restante da série.

 
Imagens fotográficas cortesia de DSS: copyright notice 
https://archive.stsci.edu/dss/acknowledging.html

Cartas estelares cortesia de Chris Marriott, SkyMap Pro 10 Printed with Permission
https://www.skymap.com