Julho de 2015

02/07/2015 07:22

De Sky and Observers, por Antônio Rosa Campos

https://skyandobservers.blogspot.com.br

 
A expressão "Blue Moon", talvez pouco ou quase nada traduz a ocorrência do evento neste mês 2 das duas Fases da Lua Cheia, sendo que na ocorrência de 31/07, teremos nova ocorrência de duas luas cheias no mesmo mês. (MOURÃO, 1987).  Não bastante a proximidade dela com brilhantes estrelas neste mês e o alinhamento de Vênus e Júpiter já ao anoitece deste dia 1º, contribuirão de maneira significativa para ilustrar os acontecimentos deste período. O este mês ficará também marcado nas remotas do Sistema Solar, visto que a Missão New Horizons ao aproximar-se de sobre voo do Planeta Menor (134340) Plutão será a responsável pela geração de algumas respostas e novas perguntas sobre aqueles distantes corpos do Sistema Solar. Não podendo deixar de mencionar, destacaremos ainda a constelação deTriangulum Australe que de fácil localização, apresenta um interessante aglomerado aberto. Noites estreladas para todos! 
 
 
Ocultações de estrelas pela Lua 
 
Rho Sagittarii
 
Em 02 de julho a Lua -99% iluminada e com a elongação solar de 170°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral K1III. Esse evento poderá ser observado na Ásia de acordo com a figura A, apresentada no quadro 1. 
 
Dabih Major (beta Capricorni)
 
Em 03 de julho a Lua -96% iluminada e com a elongação solar de 157°, ocultará a estrela Dabih Major de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado na Oceania e na África de acordo com a figura B, apresentada no quadro 1. 
 
Ancha (Theta Aquarii)
 
Em 05 de julho a Lua -82% iluminada e com a elongação solar de 130°, ocultará a estrela Ancha (Theta Aquarii) de magnitude 4.2 e tipo espectral G8. Esse evento poderá ser observado no sudeste da Ásia (Jacarta), Oceano Índico e Madagascar de acordo com a figura C, apresentada no quadro 1. 
 
Aldebaran (alpha Tauri)
 
Em 12 de julho a Lua -12% iluminada e com a elongação solar de 40°, ocultará a brilhante estrela Aldebaran (Alpha Tauri) de magnitude 0.9 e tipo espectral K5+III. Esse evento poderá ser observado no continente asiático (nordeste da Rússia) de acordo com a figura D, apresentada no quadro 1.
 
Hyadum II (delta 1 Tauri)
 
Em 12 de julho ainda, a Lua neste instante com -13% iluminada e com a elongação solar de 43º, ocultará a estrela Hyadum II (delta 1 Tauri) de magnitude 3.8 e tipo espectral K0-IIICN0.5. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na América do Sul, Oceanos Atlântico e Pacífico conforme com a figura E, apresentada no quadro 1.
 
Rho Sagittarii
 
Em 30 de julho novamente a Lua +98% iluminada e com a elongação solar de 162°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral K1III. Esse evento poderá ser observado na Ásia de acordo com a figura F, apresentada no quadro 1. 
 
Zubenelhakrabi (Gamma Librae)
 
Em 26 de julho a Lua +69% iluminada e uma elongação solar de 112°, ocultará a estrela Zubenelhakrabi (Gamma Librae) de magnitude 3.9 e tipo espectral G8.5III. Esse evento poderá ser observado nas regiões centrais e sul da  América (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) e Oceania (Ilhas Cook e Polinésia Francesa). Informações adicionais encontram-se postadas em: https://goo.gl/n35Dkv
 
Dabih Major (beta Capricorni)
 
Em 31 de julho a Lua +100% iluminada e uma elongação solar de 174°, ocultará a estrela Dabih Major de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado no Oceano Atlântico, América do Sul e Oceano Pacífico. Informações adicionais encontram-se postadas em:https://goo.gl/KdFmN3
 
No Sistema Solar!
 
As elongações de Mercúrio (-1.5), estão diminuindo a cada dia sendo que teremos somente até o dia 7 aproximadamente para encontrar esse ligeiro planeta na constelação de Taurus, sendo que sugiro buscar dentro do crepúsculo matutino, antecedendo ao nascer do Sol. Enquanto isso já no poente, o brilhante Vênus (-4.5) e Júpiter (-1.7) continuam decorando os ocasos do Sol neste inverno (austral). E por falar em Júpiter eu novamente chamarei a atenção dos observadores para os eventos mútuos que ocorrerão entre Io e Europa nos dias 18 e 25 de julho próximo, quando estes satélites estarão sendo responsáveis por eclipses mútuos entre si. Novamente a tabela 2 abaixo, extraída do Almanaque Astronômico Brasileiro (disponível para download em:https://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf) do CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), apresenta o diagrama saca rolhas e uma efeméride para esse mês com os principais eventos dos satélites galileanos.
 
Enquanto isso, Marte (1.6) ainda na constelação de Gemini, estará sem condições de observação devido as suas elongações, sendo que na primeira quinzena de agosto elas começarão a ficarem mais favoráveis. Conforme podemos verificar pela simples análise da tabela 3 (abaixo). Saturno(0.3) lentamente na constelação de Libra continuará abrilhantando as atividades observacionais de diversos observatórios, clubes de astronomia e planetários que realizam observação ótica também com seus visitantes; sendo que em nossas visitas realizadas em escolas no mês passado, pudemos novamente apreciar o efeito Uau pelo público presente, sendo que os estudantes são aqueles que mais ficam admirados pela beleza deste planeta, quando constatam isso através da ocular. Mergulhado na constelação de Pisces, Urano (5.8) após a segunda quinzena poderá ser observado em meio a madrugada e em Aquarius, Netuno (7.8) poderá ser procurado no meio da noite. 
 
Estamos atualmente bastante ansiosos com os dados que chegarão dos limites do Sistema Solar. A hora e a vez que conhecer melhor o diminuto (134340) Plutão já consegue fazer deste Planeta Menor, objeto de perguntas de muitos visitantes que recorrem aos astrônomos(as) e pessoas ligadas a ciência astronômica o tema do momento. Um pouco mais de paciência! Vamos aguardar. Enquanto isso a missão Dawn (NASA/JPL) iniciou em 24 de junho último, seu sétimo sobrevoo em torno de (1) Ceres; enquanto isso aquelas manchas brancas (mais próximas observadas) revelam pelo menos uma sequencia de oito pontos ao lado da área clara maior (figura 2); não resta duvidas tratar-se de um material altamente reflexivo ser o responsável por essas manchas; gelo e sal são as principais possibilidades, mas os cientistas estão considerando outras opções também.
 
Sol = O quadro 2 abaixo, apresenta alguns elementos úteis a observação solar neste mês como: e (P.H) = Paralaxe Horizontal, (PO°) = Ângulo de Posição da extremidade Norte do disco solar, (+) E; (-) W, (BO°) = Latitude heliográfica do centro do disco solar (+) N; (-) S, (LO°) = Longitude heliográfica do meridiano central do Sol e ainda, (NRC) Número de rotação Solar de Carrington da série iniciada em novembro 1853 9,946.  
 
Lua = As fases lunares neste mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 3:
 
A ocorrência das apsides lunares dar-se-á neste mês na seguinte sequência: Perigeu em 05/07 às 18:55 (TU), quando a Lua então estará somente a 367.094 km do centro da Terra e Apogeu em 21/07 às 11:03 (TU), a Lua estará a 404.836 km do centro de nosso planeta.  
 
Embora não seja um evento propriamente astronômico, em 31 de julho teremos a ocorrência da segunda Lua Cheia, fazendo então que essa seja conhecida como: Lua Azul. Em 2012 publicamos neste Blog um interessante texto (pode ser visto em: https://goo.gl/YhNL0j) sobre essa ocorrência, sendo que as próximas ocorrerão em: 31 de janeiro de 2018 e 31 de outubro de 2020 respectivamente.
 
O Planeta Menor (1) Ceres e o Asteroide (68) Leto
 
A segunda quinzena deste período ainda reserva duas atrações observacionais, sendo que a primeira será uma boa atividade observacional uma vez que o primeiro planeta menor (1) Ceres (nesta época visitado por uma sonda espacial), também estará em oposição (veja maiores informações em: https://goo.gl/eBIwAq). A fase da Lua (+0.485) favorável e sua magnitude (7.5), o colocará dentro dos limites de magnitudes observáveis de instrumentos óticos de pequeno porte; Já o asteroide (68) Leto (maiores informações em: https://goo.gl/94TkLo) estará na constelação de Microscopium. Embora a fase da Lua (+0.970), portanto já cheia poderá interferir um pouco na sua localização, embora sua magnitude esteja estimada em 9.8. Não ser difícil essa tarefa. 
 
Cometas
 
Cometa C/2013 US 10 CATALINA
 
Começa finalmente a época oportuna para as observações do Cometa C/2013 US 10 CATALINA, sendo que ele estará até o dia 06 na constelação do Escultor (Scl), passando em seguida para a Phoenix (Phe) permanecendo ali até 23 de julho; ele fará uma ligeira permanência em Grous (Gru) entre os dias 24 e 25, quando chegará então em Tucana (Tuc) permanecendo ali até o fim deste mês. Suas magnitudes a cada dia mais favoráveis (tabela 4) abaixo.
 
Agora visível por quase toda a noite este período será favorável às suas observações, embora ao fim do mês a fase da Lua possa novamente causar alguma dificuldade.
 
CONSTELAÇÃO:
 
Triangulum Australe
 
Triangulum Australe e uma constelação austral, compreendida entre as ascensões retas de 14h50min e 17h9min e as declinações -60º,3 e - 70º,3; limitada ao sul pela constelação de Apus (Ave do Paraíso), a oeste por Circinus (Compasso) e ao norte e leste por Norma (Régua) e Ara (Altar), ocupa uma área de 110 graus quadrados. É fácil localizá-la por estar situada a leste de Tolimã (Alfa do Centauro); Triângulo Austral. (MOURÃO, 1987). Sendo que a mesma aparece pela primeira vez descrita no Atlas Uranometria de Johann Bayer em 1603.
 
A mais brilhante estrela desta  constelação,  Atria possui uma magnitude visual de 1,9 e uma magnitude absoluta de -0,5. Seu tipo espectral K2II é responsável pela sua coloração alaranjada, e indica uma temperatura de aproximadamente 4.500ºK. Sua distância é de 388.3 anos-luz. Seu nome é formado pela associação da letra A e a abreviatura do nome da constelação; um outro nome próprio dessa estrela e Metallah. (MOURÃO, 1987).
 
Atria, Beta TrA de magnitude visual 2.8, uma gigante branco-amarelada e tipo espectral F2III, (essa segundo dados do Telescópio Espacial Sptizer, sugere a presença de material circunstelar no sistema) e também Gamma TrA, de magnitude 2.8 e tipo espectral A1V uma estrela branca, formam um triângulo proeminente chamado de Três Patriarcas. Talvez seja esse asterisco de estrelas o que mais destaca-se a visão desarmada nesta constelação (figura 4). 
 
 X Trianguli Australis -  Uma variável binocular
 
Um dos temas que mais chamam a atenção daqueles que começam a dar seus primeiros passos na observação binocular e justamente à seleção de objetos potencialmente interessantes que se possam realizar registros observacionais de forma sistemáticas. Eu aprecio muito as atividades observacionais realizadas com um bom binóculo, até mesmo porque entidades como a AVVSO mantem um registro de algumas estrelas que são reportadas utilizando esses equipamentos, e no Brasil um programa semelhante foi realizado pela REA/Brasil (Rede de Astronomia Observacional) onde foi incluída a variável X Trianguli Australis.
 
Trata-se de uma classe definida como SR; isto é: Variáveis semi-regulares, que são gigantes ou supergigantes de tipos espectrais intermediárias e tardias mostram periodicidade perceptível em suas mudanças de luz, acompanhados ou às vezes interrompidas por diversas irregularidades. Os períodos encontram-se na ordem de 20 até> 2000 dias, enquanto que as formas das curvas de luz são bastante diferente e variável, as amplitudes podem ser de vários centésimos de várias grandezas (geralmente 1-2 magnitude).
 
Desta forma na tabela 5 abaixo, apresentamos para X Trianguli Australis, tipo espectral C5,5(Nb) e com um período entre máximos e mínimos de 361.1 dias um conjunto de efemérides entre 2015 – 2022, que poderá facilmente ser monitorada ao longo do tempo.
 
 
O Aglomerado Aberto NGC 6025
 
Muito próximo a fronteira com a constelação de Norma e utilizando um binóculo 10x50 da, ficará muito fácil identificar Aglomerado Aberto NGC 6025 no sul constelação (figura 5). De magnitude 5 e para o leste de Alpha Centauri, ficará fácil localizar uma sequencia brilhantes, porém um pouco difusa de estrelas. Alguns observadores chegam a relatar em noites bem escuras e céu, isento de poluição luminosa que ele pode ser detectável a visão desarmada como um sopro de luz suave.
 
O NGC 6025 parece com um punhal, com uma fileira de três estrelas rodeadas por um halo alongado de estrelas não resolvidas. E é exatamente isso que Nicolas Louis de Lacaille viu quando ele descobriu este aglomerado com seu telescópio 8x ½ polegadas. Em seu catálogo 1755 ele descreve NGC 6025 como "três estrelas fracas em linha com nebulosidade." Alguns observadores, reportam que ele poderá facilmente ser resolvido utilizando-se uma ampliação de 75 vezes (O'MEARA, 2002).