Aquila (Águia)

12/04/2013 09:06

 

Pequena Maravilha: Aquila (Águia)
por Tom Trusock – 23/8/2006

Aquila - Carta de Grande Campot

  Objeto Tipo Tamanho Mag RA Dec
Alvo B142-3 Nebulosa Escura 80.0'x50.0'   19h 41m 02.0s +10° 57' 58"
  NGC 6709 Aglomerado Aberto 15.0' 6.7 18h 51m 49.8s +10° 21' 30"
  NGC 6738 Aglomerado Aberto 15.0' 8.3 19h 01m 43.7s +11° 36' 36"
  NGC 6751 Nebulosa Planetária 26" 11.9 19h 06m 17.9s -05° 58' 55"
  NGC 6755 Aglomerado Aberto 15.0' 7.5 19h 08m 09.9s +04° 16' 37"
  NGC 6756 Aglomerado Aberto 4.0' 10.6 19h 09m 03.3s +04° 43' 00"
  NGC 6760 Aglomerado Globular 9.6' 9 19h 11m 33.5s +01° 02' 31"
  NGC 6781 Nebulosa Planetária 1.9' 11.4 19h 18m 48.9s +06° 33' 10"
  NGC 6804 Nebulosa Planetáriaa 1.1' 12 19h 31m 55.6s +09° 14' 25"
  NGC 6814 Galáxia 3.0'x2.8' 11.3 19h 43m 03.7s -10° 18' 33"
Desafio Pal 11 Aglomerado Globular 3.2' 11.9 19h 45m 40.8s -08° 01' 03"


Aquila - a Águia de estimação de Zeus, é provavelmente uma das constelações mais interessantes que Messier e seus contemporâneos ignoraram. Sim, é isso mesmo, não há objetos Messier em Aquila, mas isso não significa que não existem objetos interessantes - muito pelo contrário! Aquila oferece algo para quase todo mundo, e como dono de um grande telescópio e amante de nebulosas planetárias, é uma das minhas constelações favoritas.

Crossen (em Binocular Astronomy) nos diz que Aquila é uma das muitas constelações que os gregos receberam de civilizações anteriores da Mesopotâmia. Ele afirma que a Águia suméria consistia apenas do trio Alpha, Beta, Gamma, e observa que os beduínos chamam este asterismo Al-Nasr al-Tair, "a águia voando", e escreveu que a versão grega antiga, diz que a Águia estava voando em posição perpendicular à maneira como ela é hoje.

Em posição transversdal a Via Láctea e visinha a Scutum (o Escudo) e Sagitta (a Flecha) é uma área fantástica para se observar com um telecópio de razão focal curta e grande campo de visão ou um par de binóculos.

É o lar de um número significativo e interessante de estrelas - Altair, a brilhante Cepheid Eta, o longo período da variável R Aquilae, o "local" da estrela vermelha anã Van Biesbrock e V603 Aquilae que, em 1918, foi um das mais brilhantes super novas registradas nos últimos 300 anos, descoberta por EE Barnard uma jovem de 17 anos e Leslie Peltier. Burnham indica quando de sua descoberta, já era mais brilhante do que Altair, e em um curto período de tempo obscureceu quase todas as estrelas próximas atingindo um pico de brilho de magnitude -1,4.

Com um tom azulado Altair (Alpha) forma um triângulo no verão (Vega, Deneb e Altair) e é a 11 ª estrela mais brilhante no céu noturno. Ela está a uma distância de cerca de 16 anos-luz e tem uma magnitude aparente de 0,77. Tem também uma companheira óptica de magnnitude 10. Se acontecer de você olhar para Altair com um telescópio pequeno ou um binóculos, gaste um minuto para verificar o contraste da cor com o vermelho / laranja de Gamma apenas dois graus para o noroeste.

Mas não são as estrelas a atração principal em Aquila - são os objetos do céu profundo. Embora ela fique quase inteiramente no rastro da Via Lactea, é surpreendentemente deficiente em aglomerados abertos (apenas 17 catalogados) e nebulosas difusas (apenas 1). Por outro lado, existem 112 nebulosas planetárias, 133 nebulosas escuras, galáxias 3762, quatro quasares e até três aglomerados globulares. Embora Messier não encontrou nada para incluir em seu catálogo, é certo que há muitaa coisas aqui.

Aquila - Região 1

B142-3


Vamos começar com um binóculos ou com um telescópio de grande campo de visão; nebulosa escura Barnard 142 e 143. Comece olhando para pouco mais de um grau a noroeste da estrela de magnitude 2,72 Gamma Aql (Tarazed) procurando por um par de estranhas manchar escuras. Conhecido como o "Peixe na Nebulosa Platter" não são difíceis de detectar até mesmo através de binóculos pequenos quando as condições do céu são boas.


NGC 6804 / 6803
 


Na próxima, desça aproximadamente 3 graus a sudoeste para focar a nebulosa planetária NGC 6804. Às vezes chamada de "Nebulosa Snowball" esta deve ser visível em abertura tão pequena quanto seis polegadas. Em um telescópio de tamanho médio, esta é uma planetária impressionante e tem em sua estrela central magnitude de 13 para a maioria dos observadores. Uma das coisas que mais se destacaram para mim no meu telescópio de 12.1", foi a cadeia de 3-4 estrelas visível à direita em todo o campo. Olhe atentamente para as manchas e alterações no brilho em suas bordas.

 


Carl Burton contribuiu com esta maravilhosa imagem de NGC 6804. Ele a conseguiu com um C14  f12.4 montado em um AP 1200 e um combo ST-8XE/AO-7.


Enquanto estamos nesta área, você pode apontar cerca de um grau ao norte para 6803. Você vai precisar de um bom conjunto de carta de busca, porém, 6803 tem bom contraste com 6804. Embora localizado nas proximidades, os dois não poderiam ser mais diferentes. 6803 é de observação difícil nas melhores noites, aparecendo estelar sempre, mas com grande ampliação. Para 6803, você pode tentar a técnica de tempo de "piscar" utilizando um filtro OIII e alternado a visão dentro e fora da ocular. Planetárias respondem bem a este tipo de filtro, porque melhoram o contraste entre a planetária e o resto do campo.

 

NGC 6781
 


Como estamos caçando planetárias, mantenha esse filtro OIII pronto e aponte para 4 graus a sudoeste da NGC 6804 para encontrar NGC 6781. Em um telescópio de tamanho médio, esta planetária me pareceu ser muito brilhante e impressionante. Uma cadeia de estrelas de magnitude semelhantes leva direto para esta planetária, dando-lhe a ilusão de ser um lago no fundo de alguma cachoeira estelar. A planetária em si é tem uma forma de bolha perfeita em telescópios maiores, ela me lembra um pouco M57 em Lyra. Esta é o minha nebulosa planetária favorita em Aquila.


NGC 6738 / 6709
 


Agora vamos olhar um par de aglomerados abertos; NGC 6738 e 6709.

Embora classificado como um aglomerado aberto no catálogo NGC, um novo estudo realizado por Boeche, Barbon, Henden, Munari e Agnolin mostrou 6738 pode ser uma concentração aparente de algumas estrelas brilhantes e não um aglomerado real. Visualmente, é um agrupamento pouco denso de estrelas concentradas, e com magnitudes variadas. Há uma trilha de estrelas no sentido norte-sul através do centro do "cluster", e minha percepção conecta-as com outra cadeia curta perpendicular terminando na cadeia NS. Em uma abertura de 12", o "cluster" parece um pouco com um cruzamento de estrelas mais brilhantes que definem uma estrada. Este objeto pode ser visível em um binóculos de tamanho  moderado em uma noite com boas condições.

 


 

Em quase qualquer abertura, vejo 6709 2,75 graus a sudoeste o  "mais bonito" aglomerado aberto. Visível nas mais modestas aberturas óticas, um 80 milímetros resolve um número significativo de estrelas, enquanto telecópios maiores simplesmente melhoram a observação. Carol Lakomiak forneceu este esboço excelente feito através de seu SCT 8".

 





Aquila - Região 2

NGC 6755 / 6756
 

 

Apontando para baixo a NGC 6756 e 6755. Localizado pertos um do outro, esses grupos podem ser vistos no mesmo campo de visão se seu telescópio de 6 polegadas (ou maior) lhe dar um ½ ' (ou mais) de campo de visão. Em um telecópio pequeno, estes dois clusters fornecem um bom contraste um com o outro, enquanto em telescópios grande me lembra um aglomerado duplo. 6755 em qualquer situação é claramente o maior e mais brilhante. Ao estudar 6755, procure atentamente por  uma trilha que atravessa o conjunto dividindo-o de  N a S, e veja uma seqüência de estrelas que saem do centro.


NGC 6760
 


 

Descendo para NGC 6760, esse aglomerado globular é um objeto que pode ser  "fácilmente" encontrado mesmo em pequenos telescópios. O aglomerado só começa a revelar sua granulação em um telescópio de 12" com grande ampliação, então não espere ver um M13 nesta observação. Ainda assim, este é um bom alvo a se buscar. Mantenha essa imagem em mente quando você olhar para o objeto desafio desta noite - é uma excelente ilustração de como globulares diferentes podem parecer.


Aquila - Região 3

NGC 6751


Bem na calda da Águia, encontramos a nossa nebulosa planetária, a última da noite - NGC 6751. Esta planetária pequena mas brilhante pode ser focadas em telescópios menores, mas acho que eu prefiro abertura moderada, por nos dar mais detalhes. No meu telescópio de 12", eu a encontrei  fácil na magnitude 13,5 a estrela central, e contei inúmeras estrelas ao longo da borda externa do planetário. Em um telescópio grande, procure no lado sul da nebulosa.


Rodger Raubach escreveu: 
 

Comecei em lambda Aquilae, e usei um Paragon TMB 40 para mover ao sul, 1 1/2 campos de visão. Então mudei para uma maior ampliação para destacar a nebulosa das estrelas de primeiro plano. Consegui 142x em um Pentax 10 XW para isso. Mesmo em 142x, este é um objecto muito pequeno. Eu aumentei para 203x (Pentax XW 7), que fez a planetária parecer um disco ligeramente oval  com  bordas difusas. Mesmo assim era ligeiramente brilhante (para os padrões de planetárias), eu mudei para uma ocular UWAN 4 com um aumento de 355x. Havia muita névoa na atmosfera, atenuando o brilho da imagem o suficiente para tornar a observação da estrela central impossível. Este é um pequeno objeto, e é facilmente confundido com uma estrela em qualquer ampliação maior que 100x. Gostaria de sugerir o uso de um filtro O-III e  "piscar" para este alvo.


NGC 6814


 

Esta é nossa única galáxia desta noite, NGC 6814. É uma bela galáxia com a face voltada para nós, que pode ser visto em um telescópio de 4" a 6", fica bem num telescópio de 10" ou 12 ", e (como muitos alvos) fica melhor ainda com maior abertura. No meu telescópio de 12,1", consegui definir o centro e algo sugerindo os braços espirais. O núcleo é mais brilhante do que os braços, e há uma clara definição de um núcleo estelar. 6814 deve ser uma galáxia muito brilhante para mostrar-se tão bem através da interferência de poeira e gá de nossa própria Via Láctea. Adam Block tem uma excelente imagem da galáxia no site NOAO em:

https://www.noao.edu/outreach/aop/observers/n6814.html

Ele também observa que, curiosamente, o brilho da região do núcleo sofre alterações em períodos da ordem de semanas a meses.


Objeto Desafio: Pal 11
 


Finalmente, chagamos ao nosso obejto desafio – Pal 11.

Há 15 globulares Palomar descobertosregistrado nas imagens DSS criados no  Observatório Monte  Palomar. Membro de uma lista tão pequena, porém especial, faz deste um objeto tentador e motivador para encontra-lo.

ID Other ID Const RA DEC Mag
Palomar 1   Cep 03h33m21.0s +79°34'54" 13.6
Palomar 2   Aur 04h46m06.0s +31°22'54" 13
Palomar 3   Sex 10h05m31.0s +00°04'18" 13.9
Palomar 4   UMa 11h29m16.0s +28°58'24" 14.2
Palomar 5   Ser 15h16m05.0s -00°06'42" 11.8
Palomar 6   Oph 17h43m42.0s -26°13'24" 11.6
Palomar 7 IC 1276 Ser 18h10m45.0s -07°12'48" 10.3
Palomar 8   Sgr 18h41m30.0s -19°49'36" 10.9
Palomar 9 NGC 6717 Sgr 18h55m06.0s -22°42'06" 8.4
Palomar 10   Sge 19h18m02.0s +18°34'18" 13.2
Palomar 11   Aql 19h45m14.0s -08°00'24" 9.8
Palomar 12   Cap 21h46m39.0s -21°15'06" 11.7
Palomar 13   Peg 23h06m44.0s +12°46'18" 13.8
Palomar 14   Her 16h10m59.0s +14°57'48" 14.7
Palomar 15   Oph 16h59m51.0s -00°32'30" 14.2

Observei Pal 11 tanto no meu telescópio de 12.1" com no meu 18". No de 12,1" foi como uma concentração muito fraca de estrelas, aparecendo mais como um conjunto denso aberto com uma névoa de estrelas não resolvidas. No de 18" obviamente mostrou mais, mas eu ainda tinha uma impressão semelhante. Encontrei em aumentos pequenoas a melhor visão (~ 75x).

Rodger Raubach escreveu:
 

Eu fiz o apontamento a partir de uma estrela conhecida, usando o círculo graduado para mover para posição correta, e esta foi a minha quarta tentativa para achar Pal 11. Enquanto fazia a varredura lentamente, notei uma névoa muito fraca quase no ponto certo, eu procurei este ponto obscuro novamente, agora vindo de outra direção. E ele estava na mesma posição. Para melhor adaptação visual, puxei um casaco sobre a minha cabeça para aumentar a escuridão e fiz algumas respirações profundas, mantendo os olhos fechados ao mesmo tempo. Após algum tempo o alvo tornou-se mais distinto, usando visão periférica, eu pude ver um fraco e tênue campo de estrelas em toda sua face, . Consultando uma carta vi que eu estava no lugar certo, assim eu afirmo que consegui observar Pal 11, com um refrator APO de 6,9". A visão definitivamente "não foi a esperada", mas eu estava muito satisfeito comigo mesmo por encontrar o meu quarto globular Palomar usando o TMB 175.




 

Esta imagem de "Where is M13?" mostra nossa posição relativa com Pal 11. O ponto circulado é o aglomerado globular, enquanto a marca amarela no braço da Via Láctea, é - bem, onde eu e você estamos. Bill Tschumy também nos diz que Pal 11 brilha com a luminosidade de 18.375 sóis, tem 126 anos-luz de diâmetro e situa-se a 43.358 anos-luz de onde você está sentado lendo isso.

 


 

Como acontece com qualquer alvo difícil, você precisa se ​​preparar. Especialmente se o seu telescópio é de tamanho menor. Eu sugiro fazer uso das imagens DSS impressas, e fazendo negativos em um programa de edição de imagens. Você também pode orientar a imagem para que ele fique na mesma orientação da visão pela ocular. A imagem acima foi gerada em Sky Map Pro usando Sky Real, e então editados em um editor de imagens.


Até a proxima - 

Tom T.

Links Adicionais / Recursos / Referencias

NGC 6738: Not a real open cluster

https://arxiv.org/abs/astro-ph/0306093

Best of APO: NGC 6814
https://www.noao.edu/outreach/aop/observers/n6814.html

Observing Handbook and Catalogue of Deep-Sky Objects
https://www.amazon.com/gp/product/0521625564/ref=nosim/002-2026076-3463249?n=283155
Christen B. Luginbuhl and Brian A. Skiff

 

Se você gostou deste artigo, o restante da série esta chegando.



Imagens Fotograficas cortesia DSS: nota de copyright

https://archive.stsci.edu/dss/acknowledging.html 



Cartas estelares cortesia de Chris Marriott, SkyMap Pro 10 Impressas com Permissão
https://www.skymap.com

Imagens Courtesia Bill Tschumy, Where is M13? Uso com permissão
https://www.thinkastronomy.com/

 

 

Tradução para o português:

Ronald Piacenti Júnior