Agosto de 2015

04/08/2015 07:46
De Sky and Observers, por Antônio Rosa Campos
 
Neste mês os cometas C/2013 US 10 e C/2014 Q1 causarão boas surpresas, são alguns dos imperdíveis tópicos deste mês. A identificação dos satélites naturais de Saturno poderá vir a ser uma ótima atividade para aqueles que possuem um telescópio de abertura pequena ou média, capaz de resolver este planeta, fazendo a devida distinção entre satélites e estrelas da constelação de Libra. Quiçá ainda (quem sabe!) não será a constelação austral Scutum e uma região bem muito favorável para apontar nossos telescópios e binóculos? Certamente todos nós estaremos com os olhos bem atentos no céu.
 
 
Ocultações Lunares na América do Sul
 
Ancha (Theta Aquarii)
 
Em 02 de agosto próximo, a Lua -96% iluminada e uma elongação solar de 156° ocultará a estrela Ancha (Theta Aquarii) de magnitude 4.1 e tipo espectral G8. Esse evento poderá ser observado de forma diurna na costa oeste da África e de forma noturna em grande parte da América do Sul acordo com a figura A, apresentada no quadro 2. Informações adicionais encontram-se postadas em: https://goo.gl/aDRsGi
 
Ocultação de Urano em 05 de agosto
 
Em 05 de agosto a Lua -69% iluminada e uma elongação do Sol 112°, ocultará o planeta Urano (5.8). A fase de desaparecimento do planeta poderá ser observada na América do Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai) de acordo com a figura 2 abaixo. Informações adicionais encontram-se postadas em: https://goo.gl/aEkUKR
 
 
No Sistema Solar!
 
Desta vez, durante o crepúsculo vespertino do dia 07 de agosto, o diminuto planeta Mercúrio(0.7), muito próximo (0.5º N) ao planeta Júpiter (-1.7) e também a brilhante estrela Regulus (0.9º N) de magnitude 1.4, estarão emoldurando o poente logo após o ocaso do Sol. Tomará ainda parte neste excepcional quando de conjunção, o brilhante planeta Vênus (-4.1), sendo que deveremos entre outras situações, procurar um horizonte oeste totalmente livre de obstrução e contar com a sorte das condições climáticas favoráveis; poderemos ver uma Ilustração deste evento na figura 2 abaixo; isso marcará a interrupção de um período bastante profícuo de observações de Júpiter (-1.7) e Vênus, quando diversas associações realizaram atividades observacionais com o publico desses brilhantes planetas. 
 
Já na segunda quinzena deste mês, as condições observacionais de Marte (1.7), já na constelação de Câncer (conforme tabela 2), começam a ficar mais favoráveis uma vez que suas elongações vão aumentando devendo já em 31 de agosto próximo elas estarão estimadas em 23.2º W.  
 
Pelo menos até a primeira quinzena de novembro as condições observacionais de Saturno (0.5) estarão favoráveis, embora suas elongações continuem a diminuírem lentamente, então uma boa ideia, é aproveitar para familiarizarmos com a posição (e consequentemente identificação) de seus satélites naturais e suas respectivas magnitudes. Desta forma poderemos encontrar na figura 3, além da configuração formada em torno de Saturno para o dia 15 deste mês as respectivas efemérides para 00:00 (UT) neste dia.
 
Na medida em que suas elongações vão aumentando, ficam mais fáceis a busca pela localização de Urano (5.8) na constelação de Pisces, eu recomendo que no dia 15 de agosto procuremos pelo seu disco (3.60" de diâmetro), próximo a Zeta Psc (uma interessante dupla de magnitude 5,2 tipo e classe espectral A7IV). Já Netuno (7.8) em meio as estrelas da constelação de Aquário, sendo que a Lambda Aqr (ou 73 Aqr), uma variável pulsante (máximo 3,57 e 3,8 mínimo) tipo (SR ou Variáveis Semi-regulares) e classe espectral M2.5III (AAVSO, 2015), será uma ótima referencia para localização de seu disco também.
 
Certamente as cordilheiras recém-descobertas a margem sudoeste da Tombaugh Regio em(134340) Plutão, situa-se entre planícies geladas e terreno escuro (TALBERT, 2015), mas sem dúvidas a imagem (dentre tantas outras) que ficará gravada na mente de da maioria dos apaixonados (como eu) pela pesquisa planetária será a do grande coração (figura 4) relevada pela Long Range Reconnaissance Imager (LORRI). Os dados que já foram recebidos (e ainda continuam a chegar), são simplesmente impressionantes e posso dizer com certeza: Olá Plutão e Caronte. Prazer em conhecer-lhes! (vejam em: https://goo.gl/0tRPxD)
 
Enquanto isso se procede a sonda Dawn da NASA preparou para iniciar uma manobra de espiral que a colocará numa altitude menor que 1.500 km acima do planeta anão (1) Ceres  (GREICIUS, 2015), sendo então sua maior novidade a oposição ocorrida em 25 de julho passado (veja em:https://goo.gl/eBIwAq). 
 
Sol = O quadro 3 abaixo, apresenta alguns elementos úteis a observação solar neste mês como: e (P.H) = Paralaxe Horizontal, (PO°) = Ângulo de Posição da extremidade Norte do disco solar, (+) E; (-) W, (BO°) = Latitude heliográfica do centro do disco solar (+) N; (-) S, (LO°) = Longitude heliográfica do meridiano central do Sol e ainda, (NRC) Número de rotação Solar de Carrington da série iniciada em novembro 1853 9,946.  
Lua = As fases lunares neste mês, ocorrerão nas datas e horários abaixo mencionadas em Tempo Universal de acordo com a figura 5:
 
A ocorrência das apsides lunares dar-se-á neste mês na seguinte sequência: Perigeu em 02/08 às 10:12 (TU), quando a Lua então estará somente a 362.134 km do centro da Terra; Apogeu em 18/08 às 02:34 (TU), a Lua estará a 405.851 km do centro de nosso planeta. Entretanto um novo Perigeu ocorrerá em 30/08 às 15:25 (TU), quando então a lua estará somente a 358.288 km do centro da Terra.
 
 
 
 
Cometas
 
C/2014 Q1 PANSTARRS
 
As excepcionais fotografias realizadas pelos observadores de todo o planeta se confirmaram, quando reportamos em dezembro 2014 (vejam em: https://goo.gl/6h0rsp) nossas expectativas observacionais para o Cometa C/2014 Q1 (PANSTARRS), junto às páginas do Almanaque Astronômico Brasileiro (publicação disponível para download em:https://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf) do CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais), que apresenta um conjunto de efemérides para os principais planetas (clássicos e anões), asteroides e cometas anualmente. 
 
Foi notória a sua visibilidade em 18 de julho de 2015, quando o astrônomo amador Gleison Rodrigues Quintão também do CEAMIG, durante a Star Party realizada no Observatório Wykrota (IAU Code 859) realizou a imagem (figura 6), utilizando uma câmera T3i com objetiva de 300 mm. Entre os dias 15 e 21 de julho passado, diversos observadores brasileiros reportaram diversas observações com o cometa em torno da 5ª magnitude (AMORIM, 2015). 
 
C/2013 US 10 CATALINA
 
Embora tenhamos por muito pouco perdido a oportunidade de observamos durante nossa Star Party em 18 de julho último de realizar observações desse cometa, deveremos buscar essa oportunidade no início da segunda quinzena deste mês até mesmo pela fase da Lua. Este mês ele poderá ser localizado até o dia 03 próximo em Tucana (Tuc), no dia seguinte na constelação de Indus (Ind) onde permanece até o dia 07/08. Ele desloca-se  para constelação de Pavo (Pav) onde permanecerá até 17 de agosto, na sequência ele permanecerá na constelação de Apus (Aps) até o dia 21 próximo. Ele estará após esta data na Triangulum Australe (TrA) permanecendo ali até o dia 31 deste mês. Suas magnitudes e respectivas coordenadas são apresentadas na tabela 3 abaixo.
 
CONSTELAÇÃO:
 
Scutum
 
Scutum e uma constelação austral, compreendida entre as ascensões retas de 18h18min e 18h56min e as declinações de -4º e 16º,8. Limitada ao Sul por Sagittarius (Sagitário); a oeste por Serpens (Serpente), ao norte por Serpens e Aquila (Águia) e a leste por Aquila e Sagittarius, ocupa uma área de 109 graus quadrados. Seu nome primitivo, Scutum Sobieskii (Escudo de Sobiésqui) foi homenagem de Hevelius a Jan Sobiésqui (1624-1696), guerreiro e herói polonês, que se tornou mais tarde rei da Polônia com o nome de João III. Esta designação foi em 1922 simplificada para Scutum (Escudo), pela União Astronômica Internacional. (MOURÃO, 1987). 
 
Embora não seja essa constelação constituída de estrelas brilhantes (figura 7), ele será bastante surpreendente quando analisamos de uma maneira mais pormenorizada seus principais pontos de interesse observacional ao alcance do astrônomo amador; Assim Alfa Sct que possui uma magnitude visual de 3.8 e na realidade uma gigante de coloração alaranjada de classe e tipo espectral K3 III que se encontra cerca de 198 a.l do Sol; Beta Sct (uma estrela dupla) possui a magnitude de 4.2, sendo também uma gigante amarela de classe e tipo espectral G0Ib cuja luminosidade é cerca de 1.300 vez maior que o Sol. Gamma Sct, por sua vez já é uma estrela branca de tipo e classe espectral A2V de magnitude 4.7; Delta Sct, na realidade uma estrela variável de pulsante de curto período (0.1937697d) e baixa amplitude (4.6 - 4.79 entre máximos e mínimos), tipo e classe espectral F3IIIp, constitui um desafio para observadores visuais e equipados com CCD (BECK, 2010).  Zeta Scutum de magnitude 4.6 (classe e tipo espectral K0 III) e também uma gigante de cor alaranjada bem como também Epsilon Scutum, de magnitude 4.8 e uma estrela gigante amarela de tipo e classe espectral G8 III. 
 
 
 
NGC 6664 e 6712 - Aglomerados Aberto e Globular 
 
Embora seja Scutum uma das menores constelações que existem no firmamento, ela encontra-se numa região muito rica da Via Láctea, o que faz com que aquela região esteja repleta de nuvens e aglomerados (de estrelas), desta forma poderemos localizar com um telescópio refletor de 140mm muito próximo a Alfa Sct o Aglomerado Aberto NGC 6664, bastante disperso e com uma dimensão: 16.0 x 16.0', sua magnitude visual de 7.8 o colocando ao alcance de instrumentos de pequeno porte. Embora sua magnitude seja de 8.2, as dimensões de 4.3 x 4.3' do NGC 6712mostram que ela seja um pouco menor, esse mesmo instrumento será ideal para encontrar a mancha difusa que formará esse aglomerado globular no campo da ocular.
 
Os Aglomerados Messier 26 e Messier 11
 
As estrelas Delta e Epsilon Sct serão ótimas referências para realizarmos a correta localização do Aglomerado Aberto M26 (ou NGC 6694) talvez seja ideal realizar essa procura utilizando binóculos 7x50 ou 10x50 conjuntamente com um tripé para boa estabilização da imagem, visto que apresentarão campos de visão bem próximos ajustando assim o campo a nossa pupila de saída. Mas isso não será necessário para localizar entre Eta Scutum (outra gigante de cor alaranjada de classe e tipo espectral K0 III com magnitude 4.8) e Beta Sct, o Aglomerado Aberto Messier 11, ou NGC 6705 (figura 8), uma vez que sua magnitude visual (5.8) assim mesmo sob excepcionais condições do céu e a ausência total de Poluição Luminosa, seja possível localizar esse asterismo a visão desarmada (olho nu).