Abril de 2015

01/04/2015 07:31

De Sky and Observers, por Antônio Rosa Campos

https://skyandobservers.blogspot.com.br

 

Destaques do Mês

O céu neste mês logo em seus primeiros dias brindará os observadores, com uma nova oportunidade de observarem o primeiro eclipse total da Lua, dos ocorrerão deste ano. Então eu desejo sorte a aqueles observadores que já estão se preparando para realizarem seus registros fotográficos e cronometragens da passagem das sombras (Imersão e Emersão) pelas principais crateras do relevo lunar. 

Por falar nela então, lembro que neste mês ocorrerão duas das apsides lunares (Apogeo), quando esses pouco mais de 405.000 mil quilômetros de distância ficarão mais evidentes. Aldebarãn (0.9), Lambda Geminorum (3.6) e (Subra) Omicron Leonis (3.5) também em momentos distintos na segunda quinzena deste mês serão ocultas pelo disco lunar. Não percamos a oportunidade de observar Júpiter e os eventos mútuos de seus satélites galileanos: Callisto, Io e Ganimedes este mês. E por falar em planetas, o crepúsculo vespertino de 22 de abril, novamente será uma nova e grande oportunidade, quando poderemos registrar o brilhante Vênus, juntamente com Aldebarãn, Elnath, Lua e a brilhante Capella. Noites adentro durante esse período tão especial, pois se comemora em diversas partes do mundo o Mês Global da Astronomia (do inglês = Global Astronomy Month) – GAM 2015; minha sugestão e que façamos um giro também pelo hemisfério celeste norte; Leo Minor possui alguns objetos e estrelas que poderá ser uma boa fonte de observações. Noites estreladas para todos!

 

Ocultações de Estrelas

 

Zubenelhakrabi (Gamma Librae): Em 07 de abril a Lua -89% iluminada e com a elongação solar de 142°, ocultará a estrela Zubenelhakrabi (Gamma Librae) de magnitude 3.9 e tipo espectral G8.5III. Esse evento poderá ser observado na Oceania (Austrália) e no sul do continente africano (África do Sul, Moçambique, Zâmbia e sul de Madagascar) conforme demonstra a figura A, apresentada no quadro 1.
 
Rho Sagittarii: Em 12 de abril a Lua -52% iluminada e com a elongação solar de 92°, ocultará a estrela Rho Sagittarii de magnitude 3.9 e tipo espectral K1III. Esse evento poderá ser observado em grande parte ao norte da Ásia (Afeganistão, Armênia, Azerbaijão, China, Índia, Irã, Mongólia, Paquistão, Rússia, Turcomenistão e Uzbequistão), de acordo com a figura B, apresentada no quadro 1.
 
Dabih Major (beta Capricorni): Em 13 de abril a Lua -40% iluminada e com a elongação solar de 79°, ocultará a estrela Dabih Major de magnitude 3.1 e tipo espectral F8V+A0. Esse evento poderá ser observado de forma diurna no sudeste da Ásia e na região leste da África de acordo com a figura C, apresentada no quadro 1. 
 
Ancha (Theta Aquarii): Em 15 de abril a Lua -19% iluminada e com a elongação solar de 51°, ocultará a estrela Ancha (Theta Aquarii) de magnitude 4.2 e tipo espectral G8. Esse evento poderá ser observado de forma diurna no nordeste e no sudeste da Ásia, ocorrendo já no crepúsculo vespertino no Sul asiático; no sul do oriente médio e na região nordeste da África a ocultação ocorre na parte noturna do dia de acordo com a figura D, apresentada no quadro 1. 
 
Hyadum II (delta 1 Tauri): Em 21 de abril a Lua +10% iluminada e com a elongação solar de 36°, ocultará a estrela Hyadum II (delta 1 Tauri) de magnitude 3.8 e tipo espectral K0-IIICN0.5. Esse evento poderá ser observado na região sul da Ilha de Sumatra na Indonésia e na África; ocorrendo naquela região já na parte diurna do dia, de acordo com a figura E, apresentada no quadro 1.
 
Aldebaran (alpha Tauri): Ainda em 21 de abril a Lua, neste instante com +11% iluminada e com a elongação solar de 39°, ocultará a brilhante estrela Aldebaran (Alpha Tauri) de magnitude 0.9 e tipo espectral K5+III. Esse evento poderá ser observado no norte da Ásia; já na região do Ártico, Península Escandinava, Groenlândia e norte da América do Norte (Canadá e norte dos Estados Unidos) o evento poderá ser acompanhado no período diurno de acordo com a figura F, apresentada no quadro 1.
 
Lambda Geminorum: Em 24 de abril a Lua +37% iluminada e com a elongação solar de 75°, ocultará a estrela lambda Geminorum de magnitude 3.6 e tipo espectral A3V. Esse evento poderá ser observado nas regiões Sul, Central da Ásia, incluindo o Oriente Médio no período noturno; já na Europa (incluindo a Islândia e o Sul da Groenlândia), norte da África, Atlântico norte e nordeste da América do Norte, o evento ocorre na faixa diurna do dia, conforme demonstra a figura G, apresentada no quadro 1.
 
(Subra) Omicron Leonis: Em 27 de abril a Lua +65% iluminada e com uma elongação de 107°, ocultará a estrela omicron Leonis (Subra) de magnitude 3.5. Esse evento poderá ser observado na região norte da Austrália e Sudeste da Ásia em sua parte noturna; já no Oriente Médio, e nordeste da África, o evento ocorre no período diurno de acordo com a figura H, apresentada no quadro 1.
 
 
Planetas, asteroides e cometas!
 
A profusão de planetas, alinhados próximos à linha do ocaso contribuem de forma bem significativa para que mesmo aquele cidadão, menos acostumado as sutis nuances celestes, fiquem também admirados com a pintura celeste, senão vejamos: Mercúrio (-1.1), cuja conjunção superior ocorrerá no dia 10 próximo, estará com uma elongação de 0.8º W, entretanto em 22 de abril, essa elongação já estará estimada em 13.1º E, de sorte alguma observação possa ser realizada, visto que as melhores condições observacionais ocorram somente no próximo mês. O brilhante Vênus (-4.1) cujo periélio ocorre em 10 de abril, também vem aumentando suas elongações; sendo que cada vez mais brilhante no poente, aumentará mais um pouco sua magnitude. Na contra mão de seus pares interiores, Marte (1.4) vem a cada dia diminuindo suas elongações, sendo que após o dia 18, já deverá estar imerso na claridade do crepúsculo vespertino. Entretanto, existindo boas condições de visibilidade e, sobretudo, ausência de poluição atmosférica, os admiradores do céu, deverão encontrar ao entardecer do dia 22 de abril próximo (figura 2), Mercúrio e Marte, próximo a eles, o Aglomerado Aberto M 45 (Plêiades), enquanto que Vênus estará em meio as brilhantes estrelas: Aldebarãn (0.9), Elnath (1.6) e Capella (0.0). A presença da Lua (-8.4) complementará esse quadro; certamente um dos mais belos desta época. 
 
Saturno (0.2) continua de fácil visibilidade em meio à constelação de Escorpião (tabela 2), suas elongações aumentando a cada dia, prenunciam que vem próxima sua oposição. Enquanto isso bastante brilhante no céu, Júpiter (-2.3) prenderá ainda por um bom tempo, nossa atenção em meio às estrelas da constelação de Câncer, com seus brilhantes satélites naturais sempre favoráveis as observações com pequeno instrumental. Novamente informo que uma efeméride completa destes eventos (exemplo na figura. 3 abaixo), mas para todo o ano de 2015, poderão ser obtidas nas páginas do Almanaque Astronômico Brasileiro (disponível para download em: https://www.ceamig.org.br/5_divu/alma2015.pdf) do CEAMIG (Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais). 
 
Novamente a constelação de Virgem neste mês torna-se palco as oposições dos principais asteroides do Sistema Solar e a fases lunares nesta época, estarão extremamente favoráveis (nova em 18/04) a essas observações, então não deveremos ter dificuldade de identificar entre Spica (1.0) e 98 Virginis (de magnitude 4.1) o asteroide (20) Massalia que nesta oposição se encontrará com magnitude estimada em 9.3); dois dias depois (22/04) e também próximo aquela região celeste encontraremos o asteroide (64) Angelina com uma magnitude estimada em 10.9 sendo boas referências de busca, as estrelas 100 Virginis (4.9) e ET Virginis de magnitude 4.9. No dia 24/04 então e naquela mesma região celeste você poderá utilizar as mesmas estrelas (100 Vir e ET Vir) para procurar o asteroide (19) Fortuna, visto que estará com uma magnitude estimada em 10.7. A brilhante Syrma (magnitude 4.0) ou Iota Virginis, uma gigante branca de magnitude e classe espectral F6III, será um farol na identificação do asteroide(11) Parthenope nesta oportunidade com magnitude 9.7. Penso que estas são ótimas referências de uma região muito conhecida entre os astrônomos já familiarizados com aquela região do céu.
 
Certamente os observadores serão unânimes em afirmar que o cometa Lovejoy (C/2014 Q2) foi um objeto celeste que desde sua passagem periélica ocorrida em janeiro passado, chamou a atenção dos astrofotógrafos no primeiro quadrimestre deste ano. Já agora devido ao seu afastamento do sistema solar interior, suas magnitudes gradativamente diminuem também, mas ainda dentro dos limites observacionais de instrumentos de pequeno e médio porte, assim mesmo em locais afastados dos grandes centros urbanos.
 
 

Constelações

 Leo Minor: Embora seja essa constelação considerada por alguns autores como uma das menores existentes, esse pequeno grupo de estrelas boreais(Figura. 4) poderá ser localizada entre as constelações de Leo (Leão), Ursa Minor (Ursa Menor) e Lynx (Lince). Este fato baseia-se leva em consideração d a existência naquela área do céu de estrelas com baixa fraca magnitude; desta forma, sua identificação poderá estar dificultada a partir de pontos observacionais existentes em grandes centros urbanos. Leo Minor foi descrita pela primeira vez pelo astrônomo alemão Johann Hevelius (1611 - 1687) em sua obra Prodromus Astronomie (MOURÃO, 1987). A constelação é identificada em contorno por um pequeno triângulo, formado pelas estrelas: 21 LMi (Leo Minoris), Beta LMi e 46 LMi. Aliás, essa constelação também não possui uma estrela alfa, sendo que a estrela de maior brilho nesta região será 46 LMi, uma estrela gigante alaranjada de magnitude 3.8 e tipo espectral K0. Esta estrela também e conhecida como Omicron LMi (ALMEIDA et al. 2000). Existe ainda uma designação como nome próprio para essa estrela chamada de Praecipula (GIBSON, 2014). Enquanto isso, Beta LMi também é uma gigante alaranjada de magnitude visual 4.2, tipo e classe espectral G9III. Trata-se de uma dupla que foi catalogada em 1904 pelo observador de estrelas binárias William Joseph Hussey (1862 – 1926). Ela ainda foi incluída como suspeita de variabilidade (NSV 4999) junto a AAVSO podendo ter uma amplitude entre máximo e mínimo de 3.79 a 3.84 magnitude. Já 21 LMi é uma estrela branca de magnitude 4.4, classe e tipo espectral A7V(n), que tem um brilho 10 vezes maior que o Sol e encontra-se cerca de 92 anos-luz de distância.
 
Estrrelas Duplas
 Aquela região celeste contém uma série de duplas interessantes, então como acima mencionado,Beta LMi possuirá um par cujos componentes estão são tão próximos que será necessário um telescópio de abertura (mínima) de 18 polegadas (460mm). Nesta mesma abertura ótica, e possível também observações de 11 LMi (também catalogada por William Hussey), uma anã da sequência principal (Diagrama HR) de magnitude 4.8 e coloração amarelo-laranja, com tipo espectral G8V (WDS, 2014). RM LMi (uma gigante vermelha) de magnitude 6.0, tipo e classe espectral M2III já será uma dupla de fácil separação bastando uma abertura de 180mm (7.0 polegadas) a qual voltaremos a falar ainda dessa estrela. 7 LMI, uma gigante amarelo alaranjada de magnitude 5.9 tipo e classe espectral G8III. Observadores reportam que utilizando aberturas de 130mm com 50 vezes de aumento, e possível a observação do par AB, sendo 7 LMi a(mag 5.8) e 7 LMi b (mag 9.6) (WDS, 2014); entretanto observações realizadas no início do século passado, indicam tratar-se na realidade de um sistema triplo de estrelas, então 7 LMI c é estimada com magnitude de 9.8, AP (Ângulo de Posição) = 213° e 97.8'' (Separação angular).

Beta LMi a gigante alaranjada de magnitude acima mencionada foi incluída no NSV (New Catalogue Suspected Variable Stars) como suspeita de variável e até a presente data seu status não foi alterado. RX LMi e uma estrela variável gigante do tipo SRB (gigantes de tipos espectrais tardios (M, C, S ou Me, Ce, Se) com periodicidade mal definida (ciclos médios desde 20 até 2300 dias) ou com intervalos alternados de mudanças periódicas e de mudanças lentas irregulares, e até de intervalos de luminosidade constante; normalmente a cada estrela deste tipo é atribuído um período médio (ciclo), mas em alguns casos são dados simultaneamente dois ou mais períodos de variação de luminosidade (ANDRADE et al, 2000).

R e S LMi: R LMi é uma variável LPV (Variáveis de Longo Período, do inglês = Long Period Variables), cuja amplitude de brilho, vão quase da faixa do visível a olho nu (6.3) a magnitude 13.2, com um período de 372.19 dias. Sua cor vermelha intensa, especialmente quando próximo ao máximo, faz desta estrela um objeto interessante observada ao telescópio (MENZEL, 1975). S LMI por sua vez, também apresentará uma amplitude semelhante, sendo que entre máximos e mínimos suas magnitudes chegam a 7,5 e 14,3 respectivamente com um período de 233,83 dias; portando um pouco mais curto, mas dento do limite para as variáveis LPV.  Ante os fatos mencionados  encontraremos na tabela 4, efemérides geradas também pela AAVSO para o período 2015 - 2022 e 2023.