Auriga (o Cocheiro)

16/04/2013 11:22

 

Pequena Maravilha: Auriga
Um Guia Mensal do Céu Noturno




Carta de Grande Campo

Lista de Objetos Nome              Tipo                   Tamanho      Mag       RA                    DEC
alpha Aurigae   Star                                   0.1        05h 17m 04.6s  +46° 00' 19"
NGC 1857      Open Cluster      10.0'       7.0         05h 20m 27.2s   +39° 20' 33"
NGC 1907       Open Cluster      5.0'        8.2         05h 28m 25.4s   +35° 19' 54"
NGC 1664       Open Cluster      18.0'      7.6         04h 51m 27.7s  +43° 41' 14"
M 38                Open Cluster      15.0'      6.4         05h 29m 03.4s   +35° 51' 40"
M 36                Open Cluster      10.0'      6.0         05h 36m 38.5s   +34° 08' 46"
M 37                Open Cluster      15.0'      5.6         05h 52m 38.8s   +32° 33' 22"
Objeto Desafio IC 2149          Planetary Nebula      34"     10.6       05h 56m 47.4s   +46° 06' 28"

 

Nota: Todas as imagens DSS são aproximadamente de 1  grau quadrado com a excepção de IC2149 que é de 10 min quadrado.

 

Auriga - (o Cocheriro) - É uma constelação brilhante localizada na Via Láctea no inverno do hemisfério norte, foram os antigos babilônios que provavelmente colocaram o condutor da charrete no céu à noite. De acordo com o Night Sky Users Guide (Kepple and Sanner) Aurigas é identificada como "... Erichthonius, o quarto dos primeiros reis de Atenas, cuja claudicação inspirou-o a inventar a charrete." Curiosamente, a tecnologia por si só não é representada no céu à noite - nem agora, nem em alguma outra era se saiba que se pareça com um cocheiro. Como algo de um moderno technonerd, eu devo admitir que eu acho isso um pouco reconfortante.
 
Auriga é muitas vezes registrada como uma constelação em  forma de pentágono, pois as pessoas associam Beta Tau (Elnath) para criar o asterismo em pentagono. Entretanto isso não é tecnicamente correto, pois Beta Tau pertence a Taurus (Touro), apesar de não ter como negar que esse asterismo é óbvio e muito útil para localizar três objets Messie em Auriga. Sabendo disso, penso muitas vezes neste asterismo em forma de pentágono como uma constelação também.
 
A estrela mais brilhante de Auriga é Capella (Alpha Aur). Capella está a apenas 42 anos-luz de distância e brilha em uma magnitude 0,08. É a sexta estrela mais brilhante no céu noturno - perde apenas para Sirius, Canopus, Kentarus Rigil, Arcturus e Vega (nessa ordem). Capella era conhecido por ser binária, mas só foi identificado como tal por espectroscopia (5 segundos de milliarc!) até 1995, quando foi fotografada em comprimentos de onda ópticas para o batismo do interferômetro óptico COAST (Cambridge Optical Aperture Synthesis Telescope).
 
 
Enquanto dividir Capella está um pouco fora do alcance de um pequeno telescópio, não tema por falta de alvos em Auriga. No leito da Via Láctea no inverno, esta constelação é um playground natural rico em aglomerados abertos, acolhe três Messiers espetaculares - M36, M37 e M38 e muito mais.
 
Para encontrar os três Messiers em Auriga,  o "incorreto" asterismo Auriga discutido anteriormente pode ajudar. Consultando a carta de campo amplo, desenhe uma linha entre a Beta Tau e Theta Aur, em seguida, uma linha bissetriz, e os três Messiers estará quase  sobre esta linha. Uma vez que eles estão praticamente alinhados no sentido leste / oeste, eles são extremamente fáceis de se encontrar com um pequeno telescópio com montagem alt-azimutal. Basta colocar sua ocular de menor potência e percorer de cima para baixo a partir do primeiro que encontrar. Se você puder ter um campo de visão bastante grande, você pode facilmente ver vários aglomerados Messier no mesmo campo. Todos os três são alvos fáceis para oberservação com binóculos.


Eu penso nestes aglomerados como velhos amigos que visito ano após ano.


M36, M37, M38, NGC 1907



M37

Começaremos com M37, o mais a leste dos três.

Pessoalmente acho M37, observado de um pequeno telescópio, o mais espetacular dos aglomerados em Auriga. Na verdade, acho que este é um dos meus aglomerados abertos favoritos no céu - desta estação. Visualmente no meu telescópio de 4", eu acho " ... Grande
cadeias de estrelas preenchendo todo o espaço, com uma estrela central. Se eu me concentrar o suficiente, eu posso imaginar um boi de chifres longos. "

A forma triangular é bastante evidente visualmente na foto de John Crilly , a estrutura M37 é como finos grãos de areia aglutinados. Em minha lembraça visual, é algo semelhante com M11 - não tanto na forma, mas sim no grande número de discretas estrelas amontoadas em uma pequena área do espaço aberto. Acho de certa forma que os, aglomerados ricos como M37, superam até mesmo os melhores aglomerados globulares.

Em local escuro, M37 é visível a olho nu, facilmente visível em binóculos, e espetaculares em praticamente qualquer tamanho de telescópio.

 

M36

Menos de três graus e meio a oeste de M37, no mesmo campo de visão (com baixa ampliação em telescópios de razão focal curta), encontramos M36.

Descoberto em 1749 por Le Gentil, está a cerca de 4.100 anos-luz de distância e tem de 12-14 anos-luz de diâmetro. Outro impressionante grande aglomerado, longe da densidade de M37, mas ainda assim um alvo excelente para pequenos telescópios.


Consegui minhas melhores observações em um telescópio de 102mm com aumentos de 22x a 44x. 
Com 22x, M36 esta no mesmo campo de visão de M38 - o qual está cerca de  2.2 graus para WNW.
M36, como seus vizinhos, de um local escuro, será um alvo fácil com um binóculos.






 


M38 e NGC 1907

Visto através de um pequeno telescópio, acho M38 outro dos meus aglomerados favoritos. Embora não seja tão rico como M36 (localizado vários graus para a ESE) Acho que é mais rico do que o mais próximo Messier companheiro - M37. Normalmente  eu prefiro ampliações baixas e grande campos para enquadrar aglomerados abertos - é mais bonito quando contrastando com a escuridão do espaço que o envolde - ou, neste caso, as estrelas dispersas da Via Láctea.

Como você pode ver na carta acima, M38 tem vários outros objetos por perto, entretanto apenas poucos são visuais em pequenso telescópios. 
PK 172+ 01 (Abell9) é listado como uma provável nebulosa planetária. Na magnitude 18.9 (visual) ele esta muito além do alcance visual da maioria dos telecópios amadores. Astrofotográfos podem ter interesse em capturar alguma imagem dele - se você conseguir, adoraria ver o resultado.

Outro objeto próximo é o aglomerado aberto Czernik 21. Com 9 minutos de largura, é descrito como um fantasma em grandes telescópios (18" ou mais), novamente, pode não ser um bom alvo para nós esta noite. Entretanto em contrates com este dois, esta BGC 1907. Com 44x, no meu refrator de 102 mm, vejo NGC 1907 como um destacado triangulo de tênua luz  cerca de 1/2 grau ao sul de M38. Vejo alguma resolução em 1907 no meu telecópio de 15", nas minhas anotações não há registros em menores aberturas. UIma vez localizado tente ver uma remota concentração de estrelas, tente usar maior ampliação e veja se consegue  determinar a menor abertura que começe a mostrar as discretas estrelas em NGC 1907.

 



NGC 1664 e NGC 1857
 



NGC 1857


No lado ocidental da Auriga, encontramos um asterismo triangular composto de Epsilon, Zeta e Eta que é por vezes referido como "The Kids". Embora seja facilmente visível a olho nu de um local escuro, em locais urbanos podem ser encontradas a sudoeste de Capella com um par de binóculos. Esta é a referência para os nossos dois últimos aglomerados abertos desta turnê.


Cerca de 3 graus a sudeste de "The Kids" encontramos NGC 1857.   
Minhas anotações dizem ser um bom alvo para pequenso telescópios. Entrentanto, anotei também que achei que aparecem melhor com um pouco mais de abertura. Tente usar maiores ampliações e veja se este aumento melhora a resolução do aglomerado.

 


Em baixa / moderada ampliação (22x - 44x) no meu telescópio de 102mm, ele mostra no campo de visão um asterismo óbvio - menos de um grau de distância - de uma mini Cassiopeia  (porém um pouco disforme). Enquanto muitos asterismos visuais podem ser difíceis de localizar em imagens fotográficas, este não é o caso aqui. Eu a circulei na foto uma referência para 1.857. Também é bastante óbvio em vários software diferentes, que examinei.

 

Este asterismo encontra-se em posição geral (na verdade, um pouco mais ao norte), mas parece ser maior do que Czernik 20 - supostamente um aglomerado de estrelas da galáxia. Enquanto o skymap Chart Pro parece não levar a nenhuma conexão, uma pergunta se faz sobre do que se trata - isso é um aglomerado ou um asterismo? Estou propenso em apostar em um asterismo, mas das poucas estrelas que consegui estimar suas distâncias, mostraram-se  similares,  e não consegui detectar nehum movimento relativo.

De qualquer forma, é prazeroso observar este conjunto em um telescópio de grande campo de visão (razão focal curta).  Use baixa e moderada ampliação que lhe dê pelo menos 1 grau de campo de visão.

 

NGC 1664

Dois ou três graus a NW de "The Kids" e bem a oeste de Epsilon encontra-se outro aglomerdo aberto para pequenos telescópios - NGC 1664.
Embora longe de ser tão brilhante ou óbvio como os objetos Messier em Auriga, este ainda é um alvo bastante fácil quando se varre esta área com um pequeno telescópio.

No meu telescópio de 4", o aglomerado parece no limite da resolução, em muitas noites como pontinhos piscando aparecendo e sumindo do visual, com um brilho suave ao fundo. Ampliações maiores ajudam a visualizar muitos de seus membros.
Minha impressão geral de 1664 com meus telescópios de pequeno porte é de um turbilhão ou espiral de estrelas. É um aglomerado bonito em qualquer tamanho de telescópio, e certamente, um que se beneficie de sua abertura. Se você puder, compare as observações através de um telescópio pequeno e um de maior alcance. Que diferenças você nota ?

 


Objeto Desafio: IC2149
 


O objeto desafio deste mês, IC2149 é uma nebulosa planetária bastante brilhante (mag 10.6) mas pequena (34").

Embora seja facilmente visível em um pequeno telescópio, o verdadeiro desafio é encontra-lo e confirmar a planetária, devido à sua aparência quase estelar. Em ampliações mais elevadas em instrumentos maiores, ele assume uma aparência um tanto alongada.

A estrela central é listada com ~mag 11.6 (visual), então ela é fácilmente localizada em um telescópio de abertura descente.

Alguns observadores reportam a aparência de suas bordas.

Use grande ampliação, a foto DSS e a carta de busca de ocular para encontra-lo confirmar. Se você tiver um filtor OIII ou UHC, pode tentar o processo chamado "blinking" para ajuda-lo a encontrar a planetária. Uma vez que uma planetária emite grande concentração de luz OIII, movendo o filtro para dentro e fora do caminho ótico pode ajudar identifica-la. Muitos dos outros objetos na FOV irão diminuir o brilho execeto a planetária.  A técnica consiste em colocar o filtro entre seus olhos e a ocular movendo-o para dentro e para fora do visual. Isto requer alguma prática, e eu nem sempre consegui sucesso com este método observacional. Nesta ocasião porém, foi muito útil.

 


 
Leitura Adicionais:

The AURIGA Detector - an Italian / European Project aimed at detecting gravitational waves.

https://www.auriga.lnl.infn.it/

The first images from an optical aperture synthesis array: mapping of Capella with COAST at two epochs
https://www.mrao.cam.ac.uk/telescopes/coast/coast.first.html

Ellis Myers - Constellation Chronicles hosted by the Eastbay Astronomical Society
https://www.eastbayastro.org/index/chronicles.htm

Eric Honeycut's - ICplanetaries.com
https://www.icplanetaries.com/
 

Se você gostou deste artigo, o restante da série esta chegando.



Imagens Fotograficas cortesia DSS: nota de copyright

https://archive.stsci.edu/dss/acknowledging.html 



Cartas estelares cortesia de Chris Marriott, SkyMap Pro 10 Impressas com Permissão
https://www.skymap.com
 

Tradução para o português:

Ronald Piacenti Júnior